quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Misterioso desaparecimento das abelhas...


As primeiras notícias sobre o fenômeno do desaparecimento das abelhas foram recebidas como uma espécie de enredo de um novo filme de ficção científica. Mas o problema tornou-se muito real. Nos Estados Unidos recebeu o nome de Colony Collapse Disorder (Desordem e Colapso da Colônia). Agora, o problema foi detectado também no Brasil, particularmente em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

Matéria publicada no jornal Diário Catarinense, de Florianópolis, afirma que o desaparecimento das abelhas já é motivo de grande preocupação entre apicultores dos dois Estados. E o desaparecimento vem acompanhado de outro problema: as abelhas que permanecem nas colméias estão morrendo infectadas por diversas doenças. Em depoimento ao jornal, o apicultor e pesquisador Leandro Simões, de Campo Alegre, diz que nunca viu algo parecido em 35 anos de profissão.

O fenômeno pode causar graves desequilíbrios ambientais, uma vez que as abelhas são responsáveis por mais de 90% da polinização e, de forma direta ou indireta, por 65% dos alimentos consumidos pelos seres humanos. Alguns produtores já registram perdas de 25% na produção de mel. (Observe quadro abaixo).

Segundo Jair Barbosa Júnior, do Instituto de Estudos Socioeconômicos, com sede em Brasília, uma das possíveis causas do fenômeno pode ser a influência de lavouras transgênicas. No Brasil, lembrou Barbosa, não há estudos aprofundados sobre o impacto dos transgênicos no ecossistema. Outra possível causa apontada pelo pesquisador é o aquecimento global.

O físico Albert Einstein disse que se as abelhas desaparecessem, a humanidade seguiria o mesmo rumo em um período de 4 anos. A razão é muito simples: sem abelhas não há polinização, e sem polinização não há alimentos. O desaparecimento das abelhas começou a ser tema na mídia em 2006, nos EUA e no Canadá, quando criadores que alugam enxames para agricultores começaram a relatar o desaparecimento destes animais em níveis muito elevados.

Em várias regiões destes dois países, apicultores chegaram a perder 90% de suas colméias. O biólogo norte-americano Edward Wilson, chamou o fenômeno de “o Katrina da entomologia”, numa referência ao furacão que arrasou Nova Orleans, nos EUA.

Na Califórnia, entre 30% e 60% das abelhas desapareceram. Em algumas regiões da costa leste dos EUA e do Texas, esse índice chegou a 70%. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o fenômeno foi registrado em 42 estados norte-americanos e duas províncias canadenses.

Já segundo a Associação de Apicultura Americana, o desaparecimento das abelhas atingiu 30 estados dos EUA. A morte repentina de abelhas também já foi registrada em países como Alemanha, Suíça, Espanha, Portugal, Itália e Grécia.

Transgênicos entre os suspeitos
Entre as possíveis causas do fenômeno, são citadas a radiação de telefones celulares, o uso indiscriminado de herbicidas e o uso de transgênicos, em especial os do milho Bt (com gene resistente a insetos; contém pedaços do DNA da bactéria Bacillus thuringiensis).

Outra hipótese levantada relaciona o problema à radiação dos telefones celulares. O jornal inglês The Independent publicou matéria a respeito, afirmando que a radiação dos celulares poderia estar interferindo no sistema de navegação das abelhas, provocando a desorientação das mesmas, que, assim, não conseguiriam mais voltar para suas colméias. Além disso, citou pesquisas alemãs que apontaram mudanças de comportamento das abelhas nas proximidades de linhas de transmissão de alta tensão.

Ainda não foi encontrada nenhuma prova sobre a real causa do problema. A possibilidade de uma praga causada por algum produto químico é questionada pelo fato de que não são encontrados restos mortais das abelhas em grande número. Quando uma colônia é afetada por algum microorganismo, há muitos insetos mortos em torno delas. Nos casos relatados nos EUA e em outros países, as abelhas simplesmente estão desaparecendo.

Sobre a polinização

Vários pesquisadores conseguiram excelentes resultados utilizando abelhas como polinizadores, como mostra o Quadro. Obtiveram não só maior quantidade de frutos como melhor qualidade. Colocando abelhas em pomares de laranja, por exemplo, conseguiu-se um aumento de até 36% de produção, enquanto em macieiras, além de considerável aumento na produção, foi provado que houve maior peso por unidade e melhor formato das frutas.



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